Dra. Luciana Faleiros Cauhi Salomão
Vivemos um momento muito delicado na sociedade de hoje. Muitas dificuldades provocadas pela forma de ensinar, um grande desinteresse por aprender, a medicalização de crianças em fase escolar, jovens e adultos com uma vida sem sentido. Com o evidente adoecimento das crianças, dos jovens e dos adultos, a espécie humana vive um elevado índice de doenças psicossomáticas, ansiedade, depressão e até mesmo de suicídio que já é contabilizado entre as maiores causas mundiais de óbito.
Nos últimos 10 anos a depressão cresceu cerca de 18,4% e afeta 5,8% dos brasileiros sendo a maior taxa da América Latina e a segunda mundial. A ansiedade afeta 9,3% de brasileiros, ou seja, 18,6 milhões pessoas. O Brasil é o país de maior prevalência de ansiedade no mundo. Cresceu 14,9% em 10 anos. O Brasil figura em segundo lugar no ranking dos países com maior número de assassinatos de meninos e meninas de até 19 anos: 30 por dia. Segundo o Instituto Brasileiro de Defesa dos Usuários de Medicamentos, de 2000 a 2008, a venda de caixas de metilfenidato saltou de 71 mil para 1.147.000, um aumento de 1.615%. De julho de 2012 a julho de 2013 foram comercializadas 2,75 trilhões de caixas com metilfenidato.
De acordo os dados apresentados em gráficos¹, referentes ao período entre 2007 e 2014 pelo Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados, indicam que o Metilfenidato é possivelmente utilizado por crianças e adolescentes em processo de escolarização que fazem uso reduzido do medicamento no período de recesso escolar, mas que o seu consumo cresce concomitantemente ao longo do ano escolar, com aumento nas épocas onde há iminência de reprovação escolar.
O Metilfenidato derivado de anfetamina age aumentando a concentração de dopamina nas sinapses, tornando as crianças apáticas e sem criatividade. É uma droga muito perigosa que ocasiona reações como o chamado zombie like em que a pessoa fica contida em si mesma e passa a agir como se estivesse amarrada. Respeitar a natureza humana adotando um processo de aprendizagem que favoreça a afirmação do sujeito, instiga a curiosidade e o prazer de aprender, pode ser um caminho para atravessar essa crise e tornar mais atrativo o processo de aprendizagem.
Se expressar, criar, pensar, duvidar, levantar hipóteses, investigar, pesquisar, buscar informações e raciocinar para gerar novos conhecimentos, além de desafiador, estimula o desenvolvimento do potencial humano e com isso a evolução da civilização.
Incentivar a aprendizagem e melhorar a qualidade de vida são convites para toda uma sociedade que está tanto nas instituições de educação, de saúde, de atendimento ao ser humano, como nas empresas, nos domicílios e nas ruas e nas praças.
A problemática que agora se instala é a de convidar o ser humano a ser humano, numa sociedade muito complexa e cheia de conquistas, mas com vícios que precisam ser transformados pelo prazer de conviver e de se utilizar a inteligência. Inteligência que está adormecida por um processo de dependência e repetição exagerado que aniquila as emoções.
Para assegurar aprendizagens, necessitamos, de uma organização epistêmica que respeite o ser humano em seu protagonismo consciente na busca objetivada pela ciência, mas que tenha passado antes pela alegria da ludicidade e pelo simbolismo da artexpressão que aciona a imaginação. A proposta que aqui se apresenta embasar-se-á numa metodologia cujos pilares são a equidade, o grande respeito às necessidades infantis, o desejo de trabalhar a inteligência dos jovens, o espírito de realização dos adultos e com as inúmeras possibilidades permitidas pela ciência, pela tecnologia para alcançar evolução, desenvolvimento, saúde e bem-estar.
Eu sou Luciana, diretora do IFDH – Instituto de Formação Docente e Desenvolvimento Humano e convido vocês a participarem de um de nossos cursos presenciais onde se articulam emoções, conhecimentos e convivência. Ou ainda, de seminários on-line onde apresentamos experiências, aprofundamos conceitos próprios dessa proposta pedagógica e orientamos sua aplicação.
¹ Disponível em: <https://memoria.ebc.com.br/infantil/para-pais/2013/12/ritalina-torna-crianca-apatica-e-sem-criatividade-diz-especialista>. Acesso em 11 de Novembro de 2020.
O vídeo referente ao texto está disponível no canal do IFDH Instituto. Acesse pelo link: https://youtu.be/PQc_EzhFEEw
Referências
FRANZIN, Adriana. Ritalina torna criança apática e sem criatividade. Disponível em: <https://memoria.ebc.com.br/infantil/para-pais/2013/12/ritalina-torna-crianca-apatica-e-sem-criatividade-diz-especialista>. Acesso em 11 de Novembro de 2020.
SIMI, A.; PAES, G.; SCHIRRU, H. e VIEIRA, M.C. E quando o “mal do século” chega no esporte?. Disponível em: <https://medium.com/fervedouro/e-quando-o-mal-do-s%C3%A9culo-chega-no-esporte-a4596af4331b>. Acesso em 11 de Novembro de 2020.